Eram duras, secas e definitivamente não estavam vivas. Mas, afinal, de onde tinham vindo?
A princípio, encontrei aquele monte estranho debaixo do meu colchão. Pensei que fossem ovos de insetos. A verdade? Muito mais surpreendente.
Naquela tarde, decidi virar o colchão e lavar os lençóis. Tudo parecia normal até que notei um aglomerado de minúsculos grãos pretos no canto da cama.

Eram opacos, mas levemente brilhantes, como pequenos pedaços de carvão.
Meu estômago embrulhou. Meu primeiro pensamento: ovos de insetos. Talvez baratas? Besouros? Só de pensar nisso, minha pele se arrepiou.
Peguei um pedaço de papel e, com cuidado, retirei alguns para examiná-los.
Curiosa (e um pouco assustada), tirei uma foto e enviei para uma amiga que se interessa por remédios naturais e tradições de cura ancestrais.
Ela respondeu quase instantaneamente:
São kalonji, sementes de cominho preto. Alguém deve tê-las colocado ali de propósito.
Pisquei incrédula. Sementes? Debaixo da minha cama?
Quando pesquisei na internet, fiquei impressionada. Aparentemente, a kalonji é usada há séculos como amuleto para afastar doenças e energias negativas, frequentemente escondida sob colchões, batentes de portas ou até mesmo costurada em travesseiros para atrair paz e proteção.
Por um instante, fiquei com medo. Quem faria isso sem me avisar?
Então me lembrei que minha avó tinha me visitado algumas semanas antes. Ela sempre foi uma daquelas mulheres que acreditam em bênçãos silenciosas e costumes antigos.
Naquela noite, liguei para ela.
“Vovó… você colocou alguma coisa debaixo do meu colchão?”
Ela riu baixinho.
“Ah, você encontrou? Sim, é kalonji. Que ela te proteja. Você anda inquieta ultimamente e pensei que um pouco de proteção te faria bem.”