A Proprietária de Terras Engravidada por Três Escravos: O Caso Proibido da Venezuela, 1831

A Proprietária de Terras Engravidada por Três Escravos: O Caso Proibido da Venezuela, 1831

Quando as portas se fecharam, o confronto foi brutal. “Estou grávida, tio. De quatro meses”, confessou ela. “Quem é o pai?”, rugiu ele. “Vamos arranjar um casamento!” “Não posso me casar com ele.” “Por quê? Ele é padre? Fale!” “Porque não sei qual dos três é o pai.” Dom Sebastián empalideceu. “Três homens?” “Sim”, disse ela, erguendo o queixo. “Domingo Lucumí, José Gregorio Silva e Miguel Tomás Barrios. Seu capataz negro, seu mordomo mulato e seu ferreiro negro.”

O caos se instaurou. Dona Clemencia desmaiou. Rodrigo ficou sem palavras. Dom Sebastián, furioso, jurou vingança. “Escravos! Vocês se deitaram com escravos! Vocês nos destruíram!” “Fiz isso porque quis. Ninguém me obrigou.” “Pior! Você está louco. Os escravos serão executados imediatamente. Você será declarado insano e trancafiado em um convento.” “Tarde demais, tio”, disse Catalina com um sorriso amargo. “Está tudo escrito. As cartas já foram enviadas para Caracas. Neste momento, metade da cidade deve estar lendo nossa história.”

A fúria de Dom Sebastián era completa. Ele agarrou Catalina, mas Rodrigo o deteve. “Padre, acalme-se. Precisamos pensar.” “Os três serão executados amanhã ao amanhecer”, declarou Dom Sebastián. “E enfrentarão um julgamento eclesiástico. Que Deus tenha misericórdia de suas almas.”

Naquela noite, os três homens aguardaram seu destino em um galpão, acorrentados, mas juntos. “Você acha que valeu a pena?”, perguntou Miguel, tremendo. “Sim”, disse José Gregorio. “Vivemos com dignidade, mesmo que por pouco tempo.” Domingo olhou para a casa grande. “Vai levar tempo, mas chegará o dia em que um homem negro poderá amar quem quiser. Não viveremos para ver isso.” “Não”, disse José Gregorio. “Mas talvez o filho de Catalina viva.” Aquela criança, que carregaria o sangue de um deles, mas o legado dos três, era a única transcendência que tinham.

Na casa grande, Catalina estava trancada em seu quarto, ouvindo o amanhecer se aproximar. Ela implorara, oferecera sua fortuna, mas Dom Sebastián estava decidido.

A manhã do quarto dia não trouxe o sol, mas o som dos guardas arrastando os homens em direção à praça central da fazenda. Catalina correu para a janela. Ela os viu. Domingo, de cabeça erguida. José Gregorio, rezando em silêncio. Miguel, chorando, mas caminhando ao lado dos irmãos.

“Não!”, gritou Catalina, batendo no vidro. “Assassino! Tio, não!”

Dom Sebastián, do pátio, nem sequer levantou os olhos. Deu a ordem. A execução foi pública, brutal e rápida, um exemplo sangrento para os demais escravos. Catalina caiu no chão, seu grito abafado por um soluço que parecia dilacerar sua alma.

Mas enquanto os corpos ainda jaziam no pátio, um cavaleiro coberto de poeira irrompeu na propriedade. Ele trazia notícias de Caracas.

“Dom Sebastián! Dom Sebastián!” gritou o homem, agitando um jornal. “O escândalo! Está no ‘El Liberal’! Toda Caracas sabe!”

O documento havia chegado. A história de Catalina explodiu. Os inimigos políticos de Dom Sebastián exigiam uma investigação sobre sua “administração cruel” da propriedade. A Igreja estava horrorizada. A sociedade caracasiana, embora escandalizada com Catalina, estava ainda mais fascinada pela audácia da confissão.

⏬ Continua na próxima página ⏬