A Fotografia na Parede"

Uma enxurrada de pensamentos me invadiu. Como isso era possível? Eu era infértil. Lembrei-me de cada consulta médica, cada exame, cada lágrima. Daquelas noites em que a abracei para aliviar sua dor.

"Mas... os médicos disseram que..."

"Eu sei o que eles disseram", ela interrompeu, com a voz trêmula. "Eles estavam certos. Eu não podia ter filhos."

Permaneci em silêncio. Então... quem era essa criança?

Lágrimas escorreram por suas bochechas.

"Eu o adotei", ela sussurrou.

Suas palavras pairaram no ar.

"Depois que nos separamos", ela continuou, "me inscrevi em um programa de adoção. Pensei que nunca mais teria forças para amar. Então, um dia, em um abrigo em Tlaquepaque, vi um menino sentado em um canto, desenhando com um lápis quebrado. Ele olhou para mim... e eu reconheci algo. Uma solidão que eu já conhecia."